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Dança de Salão

AS DUALIDADES NA DANÇA DE SALÃO

dual

Praticamente todas as esferas da nossa vida apresentam aspectos duais de alguma forma.

Ou seja, várias situações pelas quais passamos têm dois ou mais enfoques, significados, sentidos, e acarretam conseqüências desta mesma maneira.

Sendo que por este tema ser realmente complexo e já ter sido amplamente estudado, há incontáveis apontamentos a fazer sobre ele, tanto no que diz respeito ao que é observado quanto ao modo de observar.

Por exemplo, diversas coisas que se mostram concretas em um ponto de vista serão menos claras ou definidas em outro, podendo precisar até de um pensamento abstrato para serem enxergadas.

Além disso, ainda que algo aparente ser polar ou extremo, este é capaz de possuir muito do lado contrário, se forem consideradas análises distintas ou de maior profundidade.

Há também certas ocasiões que detêm um grande número de fatores, e por este motivo são suscetíveis de provocar dois tipos de sentimentos, os quais têm a possibilidade de serem contraditórios, inclusive.

E trazendo tudo isso para dança de salão, é interessante supor que justamente a soma destes itens que fazem dela a atividade única e especial que é.

Isso porque seria a junção de tais ambigüidades que causariam um aumento de consciência e percepção, o cumprimento de um objetivo, a satisfação, o crescimento, a evolução…

Basta notar que nesta arte serão recorrentes palavras que indicam uma combinação positiva de elementos, como: sincronia, sintonia, harmonia, colaboração, equilíbrio, encaixe, etc.

Apenas comentando algumas destas dualidades, seria pertinente começar falando que a dança trabalha tanto o lado físico quanto o ligado às questões imateriais do ser-humano.

Nessa compreensão, ela é capaz de ser uma coisa totalmente espiritual, transcendental ou artística, e um caminho das pessoas se conectarem a algo divino, superior ou passarem por vivências assim.

Todavia, em contraposição a isto, a dança jamais esquece que precisamos do nosso corpo para exercê-la, considerando que este também tem as suas necessidades, regras, vontades e prazeres, e que ele é o meio de chegar nas referidas experiências.

Próximo a esta ideia, caberia dizer que a dança mexe com o pensar e com o agir, porque a existência dela depende do funcionamento de tais esferas em consonância.

Dentro deste sentido, ela faz com que ocorra um desenvolvimento da consciência sobre vários fatores, como a si mesmo, aos outros, à determinadas situações…

Apesar disso, a dança mostrará que juntamente com este aumento de percepção, são necessárias as atitudes, ressaltando que ela de muitas formas impulsionará os seus praticantes a isso.

Ainda, por englobar inúmeros aspectos, a dança de salão é uma atividade social, e devido a isto traz incontáveis tipos de ensinamentos neste âmbito.

Esclarecendo um pouco este ponto, é oportuno mencionar que nem sempre estará definido quem irá proporcionar ou ganhar mais nas trocas que acontecem.

Explicando melhor, observando que na dança temos a possibilidade de oferecer algo bom a alguém e ter o conhecimento e a sensação disso, para ilustrar, não tem como identificar o maior beneficiado nessa questão.

Ou quando adquirimos certa experiência nela e podemos transmiti-la, e levando em conta que o ato de instruir causa infinitos aprendizados, é impossível saber quem tem a principal lição nisto, se é o orientador ou o aprendiz.

Inclusive nas matérias técnicas, ligadas às movimentações e ao que se relaciona à realização e a visualização destas, as ambigüidades serão detectadas.

Por exemplo, mesmo que alguém execute um passo que represente ter leveza ou suavidade, este é capaz de estar fazendo grande força para passar isso, e o contrário também é verdade.

E uma das dualidades mais complexas nesta atividade – que tem a chance de ser percebida logo no princípio – vem do fato dela ser praticada em pares, por pessoas de gêneros e atribuições diferentes.

Somente nisto vê-se que o número dois estará presente, pois isso significa a junção de indivíduos com objetivos iguais, que é o de transformar ações diversas em uma só.

Sendo que para isto ocorrer, os envolvidos têm um acordo inicial de que irão exercer as suas respectivas funções, que no caso seria, resumidamente, uma de conduzir e outra de responder a isso (ou quaisquer termos que indiquem algo neste aspecto).

Em um sentido físico ou direto, é possível constatar que caberiam a cada um as suas incumbências específicas, tanto para a dama quanto para o cavalheiro.

Salientando que se isto for examinado sob uma perspectiva polar, é admissível dizer que tais tarefas são completamente distintas e perfeitamente definidas.

Assim, nesta visualização imediata, certas palavras do tipo: escolha, decisão e ação terão maior compatibilidade com o cavalheiro; e as que sugerem coisas como beleza, leveza, reação corresponderiam às obrigações da dama.

No entanto, analisando tudo isso, nota-se que a fim de se ter uma condução satisfatória, será preciso que o cavalheiro aja com sensibilidade, delicadeza e suavidade, expressões que combinariam com a parte da mulher.

E para ser bem conduzida e ter uma boa resposta é necessário força, resistência, atenção, concentração e atitude, características que aparentam se adequar melhor com o lado contrário.

Ou seja, já neste ponto, mesmo que os papéis da dama e do cavalheiro se mostrem claros e exatos, estes podem não ser dessa forma em sua totalidade, tendo em vista que vários dos deveres são mútuos e menos delimitados.

Ressaltando que é interessantíssimo enxergar, em uma ótica ampliada a respeito da própria condução e resposta, que estas são capazes de serem observadas de modos diferentes,

Isso porque, antes de tudo, é a mulher que optou ir em um ambiente de dança de salão e se predispôs a aceitar essa “regra” de deixar-se ser tocada e levada.

Então, ainda que no ato da condução a palavra escolha coubesse mais ao cavalheiro, foi a dama que escolheu que fosse assim desde o princípio (e leva aquele a isso), o que traz dúvidas sobre qual é a parte que conduz a situação como um todo..

Finalizando tal assunto das dualidades – com a consciência de que este realmente não tem fim – seria oportuno colocar que a dança de salão, à sua maneira e dentro do que ela se propõe, materializaria até a solução perfeita dos problemas do nosso mundo

Este pensamento é o de que sempre o certo a fazer é cada um procurar o melhor para si, o que irá ocorrer somente se for buscado o que é melhor para o outro também.

Dança de Salão

A DANÇA DE SALÃO E O EGO

ego

Buscar entender as questões envolvidas com aquilo que chamamos de “ego” sempre trará boas conseqüências para nós.

Certamente isso fará com que tenhamos um aumento de consciência, o que irá ocasionar uma melhoria de vida e ajudará na própria evolução da humanidade, em uma visão ampliada.

Sendo que isto explica o motivo deste assunto ser objeto de estudo em diversos círculos, além de esclarecer o fato do ego possuir inúmeras descrições e formas de ser observado.

Por exemplo, há o meio acadêmico (composto pelos psicólogos, psiquiatras, filósofos…) que explora este tema de um modo científico; existem os espiritualistas, que têm o seu olhar peculiar sobre ele…

Não obstante a isso, como tudo que circunda as matérias referentes ao ego faz parte do dia a dia, este é capaz de ter uma maneira mais simples e informal de ser conceituado.

Assim, tendo em vista que o significado de maior importância se daria neste sentido no momento, antes de ligá-lo à dança seria oportuno tentar oferecer uma definição dele em tal concepção.

Nesse discernimento, acredito que é cabível interpretar o ego como a idéia que temos de nós mesmos, como se tivéssemos outra pessoa internamente com a qual nos comunicamos.

Desta compreensão, poderíamos concluir que esta auto-noção é fundamental para que consigamos viver neste mundo, pois é ela que faz com que possamos nos enxergar, tomar atitudes, conviver…

É isso que possibilita a relação conosco e com os demais, porque é do diálogo com esse “eu interno” que surgem os sentimentos e pensamentos, e em decorrência destes, as nossas ações.

No entanto, apesar de tudo, há percepções a respeito do ego que são suscetíveis de se tornarem confusas, e é este ponto que merece maiores comentários ao conectá-lo à dança de salão.

Ressaltando que saber lidar com tais assuntos é indispensável para quem quer evoluir nesta ou em qualquer área, observando que é comum ouvir histórias de alguém que passou por situações ruins devido a estes.

Além disso, considerações referentes ao ego são pertinentes porque é admissível supor que seja recorrente a ideia de que a dança pode mexer com este, e nem sempre de uma forma positiva, infelizmente.

E se fosse o caso de procurar esclarecer as razões destas questões acontecerem nesta atividade, elas não seriam difíceis de serem detectadas e explicadas.

Para ilustrar, é possível dizer a dança propicia experiências indescritíveis, as quais só serão vivenciadas e entendidas pelos que integram este mundo.

Ou seja, ela realmente oferece às pessoas um sentimento destas serem especiais e únicas, o que traz o risco de pensarem que são diferentes das demais em um sentido até de se acharem superiores, de certa maneira.

Junto a isso, em ambientes de dança, esta proporciona um destaque ou uma evidência, o que acarreta aos que dançam uma atenção e admiração distinta em relação a alguém que não dança ou não detém tanto conhecimento dela.

Este cenário faz com que aqueles tenham as suas qualidades reforçadas, e aí, quem é inteligente ficaria mais inteligente, quem é bonito ficaria mais bonito…

Ainda, outra circunstância que geraria algo assim ocorre quando há um progresso nesta arte, pois como ela geralmente tem grande valor para os seus praticantes, talvez não exista estímulo maior para o ego destes ao saberem que a realizam muito bem.

Com tudo o que foi dito, os que fazem parte da dança correm o risco de adquirirem uma ideia um pouco exagerada delas próprias, e é esse pensamento que se reflete em atos que atrapalham a convivência.

Inclusive há a possibilidade de uma pessoa vir a passar por problemas devido a um conceito excessivamente elevado de si e culpar o ego dos demais por isto, sendo que na verdade apenas o dela é que teria sido ferido.

Por estes motivos, é importante conseguir trabalhar com as questões inconvenientes sobre o nosso ego, no sentido de identificar estas e encontrar uma maneira de solucioná-las.

Entretanto, acredito que não existe uma receita ou um método perfeito para tanto, tendo em vista que não há um roteiro a seguir que levará a uma resolução total.

E o pior é que só podemos perceber algo negativo nesse ponto nos momentos que já estamos envolvidos com isso, e ainda, que o ego possui inúmeras complexidades que têm a chance de causar confusões.

Desse modo, creio que o único jeito de crescer em tal esfera se dará somente se tivermos muita atenção, e procuramos em todos os instantes nos auto-observar.

Neste raciocínio, seria interessante fazer da dança, além de tudo, um meio para progredir nisso também, com o mesmo cuidado que temos quando buscamos avançar na sua técnica.

Se isso ocorrer, certamente ela ocasionará uma evolução no ser-humano de uma forma mais completa, e talvez seja este o seu melhor e principal fim.

Dança de Salão

A MOTIVAÇÃO PARA TRABALHAR COM DANÇA DE SALÃO

 

Talvez o ser–humano não tenha alcançado, até o momento, um nível de conhecimento suficiente para entender a si próprio por inteiro.

Por esta razão, os verdadeiros motivos que geram determinados atos nem sempre estarão completamente em evidência ou serão identificados e compreendidos facilmente.

Neste pensamento, até inconsistências podem ser percebidas, as quais dizem respeito ao porquê de certas atitudes serem tomadas e a consciência disto.

É possível, para ilustrar, que uma pessoa, mesmo estando convicta sobre as causas que a fizeram proceder de algum modo, descubra após nova análise que estava equivocada quanto a isso.

E é capaz de que alguém, no intuito de encontrar justificativas a fim de fazer o que quer, venha a criar argumentos nobres, bonitos, profundos ou superiores, ainda que estes não sejam autênticos.

Dessa forma, é cabível falar que, como o que nos move, muitas vezes, é difícil de ser definido com exatidão, isto tem a chance de não se adequar dentro de certos julgamentos ou avaliações (por exemplo, se uma ação é correta ou não).

Então, provavelmente não adiantaria – ou sequer seria necessário -grandes explicações referentes ao motivo de se escolher trabalhar com qualquer coisa, inclusive com a dança.

Ou seja, para ser um profissional desta arte basta querer e agir de acordo, sem que se precise esclarecer o que suscitou essa opção ou tentar racionalizá-la (aliás, a dança em si nem exige, e até dispensa isso, em várias situações).

Não obstante a tudo o que foi colocado, é interessante notar que é fundamental que algo interior maior esteja presente em quem deseja ser um trabalhador deste meio ou viver nele intensamente.

Em outras palavras, seguramente o “trabalhar com dança” tem que ter um significado diferente para que alguém resolva se aprofundar nisso, pois sem tal elemento não haveria maneira de prosseguir neste ramo por muito tempo.

Lógico, a dança traz consigo coisas realmente boas de serem adquiridas, como o dinheiro, o destaque, o sucesso ou qualquer desdobramento desse tipo.

Salientando que é impossível dizer que a questão da remuneração, especificamente, não é importante, observando que sem isso não teria como ser um profissional desta área.

No entanto, ainda que a dança venha a propiciar tais itens – os quais são muito bem vindos – sem dúvida estes não serão suficientes (mesmo porque se eles fossem a principal motivação, acredito que haveria meios melhores de obtê-los).

Para viver e trabalhar com a dança, esta, inexplicavelmente, tem que causar alguma emoção que faça uma pessoa ver que ela é o caminho a ser seguido.

Só tendo esta sensação – que pode ser chamada de paixão ou coisa semelhante – é que os fatores ou as características imprescindíveis surgirão para persistir nela sempre, com o que ela continuamente proporcionará.

É com isso, por exemplo, que irá ser adquirida a força, a coragem ou a paciência para enfrentar o ambiente profissional da dança de salão, o qual, às vezes, não é fácil.

Será esse agente interno, também, que fará com que seja realizado o empenho necessário a fim de conquistar o que é preciso para vencer a si próprio, o que é capaz de ser mais difícil que tudo.

Além disso, essa acepção especial sobre esta arte poderá ser, em alguns momentos, o único sentimento que impulsionará infinitas tentativas, quando parecer que todas as situações estão na direção contrária.

Ressaltando que um trabalho de valor, na dança, só será feito se determinados elementos estiverem presentes, como a criatividade, o entusiasmo, a inspiração…

E esse algo a mais é que fará com que grande parte dos pensamentos fiquem voltados neste sentido, provocando, assim, o nascimento destes requisitos que são essenciais.

Somente com amor a dança é que a busca por ela transcenderá uma parcela dos questionamentos a esse respeito, do tipo: se isto está certo ou errado, ou se esta atividade trará retorno ou não.

Isso porque, apenas dessa maneira não faltarão compensações de nenhuma forma, pois a principal recompensa será a de continuar fazendo aquilo que sinceramente se acha – ou se sabe – que tem que ser feito.

 

 

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Gostaria de deixar um texto que me influenciou a escrever isso.

Embora ele não fale de dança, especificamente, talvez pela minha paixão por esta arte – igual à de muitas pessoas, que a enxergam em tudo – vi mais dança (e motivação) nele do que qualquer outra coisa.

 

então queres ser um escritor?

(Charles Bucowski. Tradução: Manuel A. Domingos)

se não sai de ti a explodir
apesar de tudo,
não o faças.
a menos que saia sem perguntar do teu
coração, da tua cabeça, da tua boca
das tuas entranhas,
não o faças.
se tens que estar horas sentado
a olhar para um ecrã de computador
ou curvado sobre a tua
máquina de escrever
procurando as palavras,
não o faças.
se o fazes por dinheiro ou
fama,
não o faças.
se o fazes para teres
mulheres na tua cama,
não o faças.
se tens que te sentar e
reescrever uma e outra vez,
não o faças.
se dá trabalho só pensar em fazê-lo,
não o faças.
se tentas escrever como outros escreveram,
não o faças.

se tens que esperar para que saia de ti
a gritar,
então espera pacientemente.
se nunca sair de ti a gritar,
faz outra coisa.

se tens que o ler primeiro à tua mulher
ou namorada ou namorado
ou pais ou a quem quer que seja,
não estás preparado.

não sejas como muitos escritores,
não sejas como milhares de
pessoas que se consideram escritores,
não sejas chato nem aborrecido e
pedante, não te consumas com auto-
— devoção.
as bibliotecas de todo o mundo têm
bocejado até
adormecer
com os da tua espécie.
não sejas mais um.
não o faças.
a menos que saia da
tua alma como um míssil,
a menos que o estar parado
te leve à loucura ou
ao suicídio ou homicídio,
não o faças.
a menos que o sol dentro de ti
te queime as tripas,
não o faças.

quando chegar mesmo a altura,
e se foste escolhido,
vai acontecer
por si só e continuará a acontecer
até que tu morras ou morra em ti.

não há outra alternativa.

e nunca houve.

Dança de Salão

A MÚSICA NA DANÇA DE SALÃO

Além da dança, há várias outras atividades que combinam com a música, como o estudo, a meditação, alguns exercícios físicos…

Sendo que também podem existir modalidades de dança que não precisam da música do jeito que esta geralmente é conhecida, ou que não a interpretam ou a utilizam do modo usual.

No entanto, acredito que a dança de salão depende quase que inteiramente da música no seu formato mais comum, porque é esta que propicia todo o ambiente para aquela acontecer.

Por este motivo, é muito importante que os dançarinos procurem desenvolver uma sensibilidade e uma consciência diferenciada sobre a música, a fim de conseguir identificar determinados elementos que são essenciais.

O que não significa buscar entender completamente os pormenores técnicos dela, mas sim tentar adquirir uma percepção que ajude quem dança a fazer o que se propõe de uma maneira ainda melhor.

Isto é imprescindível devido à ligação entre estas duas artes, a qual fica evidente desde os contatos iniciais que alguém tem com a dança, observando que uma das primeiras coisas que chamam a atenção em locais onde ela está presente, é justamente a música.

E é possível notar que instruções fundamentais a este respeito são passadas já no começo do processo de aprendizagem da dança, as quais serão valiosas em todas as fases que virão.

Explicando um pouco esta conexão, vê-se que logo depois de serem ensinados os movimentos básicos de dança, é provável que venham as orientações de como fazer estes dentro do ritmo da música.

Somente com isso, quem está assimilando a dança terá que conquistar a habilidade de escutar a música e detectar a batida ou qualquer nuance que caracterize o seu andamento.

Tal matéria tem um nível de complexidade (e de importância) relativamente grande – e é capaz de ser uma barreira difícil de ser ultrapassada – pois nos desdobramentos disto estão inseridas inúmeras informações essenciais.

Apenas reconhecendo a cadência de uma música, adquire-se a consciência do exato momento em que um movimento tem que ser feito, qual será a preparação para começar ou responder a ele, a influência disso na velocidade e no tamanho dos passos…

Cabendo falar que o conhecimento da música na dança de salão só tende a evoluir, considerando que, com o passar do tempo, a compreensão dela irá ficar cada vez maior e mais sutil.

Conforme o caso, após serem passadas as lições sobre o ritmo, é razoável supor que virão ensinamentos referentes à melodia da música, sendo esta, outro componente interessante de ser observado.

Nesta etapa – esclarecendo brevemente – pode-se dizer que a melodia provavelmente será evidenciada pelos instrumentos musicais (nas notas emitidas por estes) ou pela voz dos cantores.

Saber diferenciar o ritmo da melodia tem grande relevância, porque significa ter a opção de escolher em qual destes será dada certa ênfase no momento em que se dança.

Este discernimento, portanto, muda a forma que se ouve e se dança em muitos aspectos, visto que com isto será possível perceber que existem várias músicas dentro e uma só.

Junto a tudo o que foi dito, a música ainda apresenta diversos fatores igualmente indispensáveis à quem dança, do tipo: a atmosfera trazida por ela, os sentimentos e as sensações transmitidas, de que jeito é feita interpretação dos cantores, a maneira que são colocados os instrumentos…

Todas estas matérias irão influenciar completamente uma dança, observando que causarão, para ilustrar, mudanças nos corpos dos dançarinos, em técnicas específicas (como a condução, resposta…), etc.

Além disso, expressões e modos também podem ser alterados, tendo em vista que há músicas, por exemplo, que combinarão com uma dança entronizada e para o par, ou ficarão melhor se forem dançadas com mais extroversão, para que as pessoas assistam…

Concluindo, é pertinente afirmar que o que colabora muito no sentido de fazer da dança uma atividade única, com infinitas novidades e possibilidades, é a música, pois cada uma desta proporciona uma experiência exclusiva, semelhante a uma nova história a ser vivida.

Assim, com apenas os elementos que foram comentados, é possível ver que todo tempo disponibilizado para ouvir uma música, mesmo dentro de uma aula de dança, é bem aproveitado.

Dança de Salão

A DANÇA DE SALÃO E A EUFORIA

Euforia

Ao se falar em equilíbrio na dança de salão, talvez a ideia imediata que surja esteja ligada às questões físicas, tendo em vista a importância destas para se evoluir nesta atividade.  

Quando este termo for usado com esta compreensão, provavelmente ele virá acompanhado de temas mais técnicos, como transferência de peso, eixo, condução, resposta…

No entanto, o equilíbrio nesta arte, tem uma concepção ainda maior, visto que ele é igualmente necessário em assuntos que dizem respeito à mente, ao psicológico, ou algo assim.

Este significado mais amplo desta palavra é fundamental, pois a dança provoca emoções realmente intensas, as quais mexem muito com os seus praticantes.

Além disso, aprender a dançar, por um lado, é o equivalente a uma constante superação de obstáculos, os quais serão a razão de sentimentos verdadeiramente positivos ou negativos.   

Por isso, a fim de evitar que as pessoas que fazem parte deste mundo venham a ter pensamentos que extrapolem algum limite, o equilíbrio deve estar presente também nestes momentos.

E um dos principais motivos que ocasionam a desestabilidade na dança, neste entendimento, ocorre porque nela são encontradas situações novas, interessantes, diferentes…

Ou ainda, é possível que a dança ofereça exatamente o que alguém estava procurando há muito tempo, o que causa bastante empolgação ou encantamento em quem entrou para este universo.  

Essa grande alegria que a dança proporciona (principalmente nos iniciantes) é ótima, pois o objetivo desta arte é fazer com que todos sejam cada vez mais felizes.

Porém, se for gerado um entusiasmo extremo, que venha a passar da conta, corre o risco disso ser transformado em euforia ou alguma coisa parecida com isso.

Esta euforia atrapalhará quem está na dança em vários aspectos, e é até capaz de fazer com que alguém, por uma falha de raciocínio, venha a desistir dela.

Primeiro porque ela fará com que a dificuldade para aprender seja aumentada, sendo que a euforia traz consigo a ansiedade, a agitação, a inquietação, a pressa…

Tudo isso substitui, ainda, a calma, a paciência, a capacidade de se concentrar, de prestar atenção, ressaltando que estes quesitos são indispensáveis para aprender a dançar.

Junto ao que foi colocado, acredito que a euforia tende a não durar muito tempo – por ser cansativa, desgastante, etc. – e logo virá novamente o mesmo humor que se tinha antes de entrar para a dança.

Só que este estado normal, ao ser comparado com o anterior, pode parecer pior do que realmente é, considerando que ele foi precedido por um pico de sentimentos.

Ou seja, a sensação deixada após a euforia ter ido embora se compara a uma “ressaca,” como acontece, por exemplo, na volta das férias, após uma vitória, nas segundas-feiras…

Aí, a idéia que sobrou em relação à dança não seria o suficiente para as pessoas permanecerem nela, visto que ficariam frustradas por aquela felicidade em grau altíssimo não ter sido mantida.  

Claro, as grandes emoções na dança são inevitáveis, e necessárias inclusive, pois é isso que faz desta arte o que ela é, a qual é capaz de modificar vida das pessoas e deixar esta mais intensa.

E não seria o caso de tentar suprimir todos os sentimentos trazidos pela dança ou considerá-los irreais, mas sim procurar identificá-los para lidar com eles da melhor forma.

Somente com este auto-conhecimento e auto-domínio adquirido a partir disso é que virá a tranqüilidade para progredir sempre, e só assim é que a dança trará benefícios de uma maneira constante e permanente, sendo esta mais uma das lições que ela ensina.  

Dança de Salão

A DANÇA DE SALÃO E A PROPAGANDA

megafone

Para que os trabalhadores da dança de salão tenham êxito nas suas carreiras, além das inúmeras atribuições que lhes são obrigatórias, é importantíssimo que estes façam uma boa propaganda de si próprios.

Explicando melhor, conseguir aparecer com o resultado do seu trabalho é mais um dos deveres de quem vive da dança, considerando a extrema relevância disso.

Lógico, isso não é exclusividade dos que atuam nesta área, cabendo frisar que a propaganda é necessária para o bom andamento deste e de todos os outros ramos da nossa sociedade.

No entanto, ela pode causar prejuízos neste meio, tanto para os seus profissionais, quanto para o seu público, o que também não ocorre somente nesta atividade.

É capaz de acontecer, por exemplo, que a propaganda se torne a principal referência de um trabalhador, vindo a ter um significado maior até do que a competência deste.

Ou ainda, as realizações de um profissional podem ter o seu valor relativizado de acordo com a publicidade que foi feita destas, observando que nem sempre o que tem mais destaque é realmente o melhor.

Isso tudo pode vir a prejudicar, primeiro, aqueles que trabalham com a dança, tendo em vista que o sucesso destes fica condicionado a um fator que nem faria parte das suas obrigações originais (saber aparecer).

Sendo que afeta igualmente o público desta atividade, pois corre o risco deste contratar alguém apenas pelo conhecimento que teve por informações advindas desta maneira.

E o pior é que isso atinge, sobretudo, as pessoas que estão iniciando na dança, as quais, até pela inexperiência neste assunto, não sabem distinguir o que é ou não é um bom trabalho.

Aí, é possível que elas entrem no mundo da dança em algum lugar que não lhes ofereça o retorno que foi vendido, perdendo, portanto, o seu tempo e o seu dinheiro.

Assim, talvez o melhor a ser feito no momento, é tentar esclarecer estas pessoas, a fim de fazer com que elas já comecem nos locais que proporcionem de imediato o que buscam.

Nesta idéia, uma das primeiras atitudes a serem tomadas é procurar tratar a dança exatamente da mesma forma que se trataria qualquer outro produto.

Quer dizer, na hora de escolher um professor ou uma escola, o certo é fazer todo o tipo de pesquisa para se informar sobre estes, como: visitar várias escolas, fazer um período de experiência em cada lugar…  

Convém verificar, junto a isso, os pontos específicos desta atividade, tentando identificar as marcas que um serviço tende a deixar quando é bem feito.  

O que indicaria um bom profissional seriam as suas realizações dentro da dança, dependendo do tempo de carreira deste, ou a sua procedência se ele estiver em uma fase inicial.

Cabendo mencionar que é importante ver se a escola ou o professor têm uma visão maior da dança, no sentido de procurar evoluir o ser-humano em todos os seus aspectos…

Ou seja, acredito que os profissionais da dança, além de cumprir o seu compromisso central de uma maneira excelente – ensinar a dançar com a técnica perfeita – devem ter o objetivo de melhorar a existência das pessoas de uma forma completa.

Isto é necessário porque é indispensável que esta arte tenha o sentido de propiciar mais qualidade de vida, e deixar os seus praticantes cada vez mais felizes, pois dança também é isso (ou talvez seja principalmente isso).

Enfim, é imprescindível que os profissionais da dança se esforcem para ficar em evidencia, especialmente aqueles que têm a consciência de que fazem um trabalho sério, pois isso é essencial para o crescimento destes.

Apesar disso, é interessante ressaltar sempre que a propaganda, sozinha, não significa nada, e que, também neste ambiente, ela tem que vir somente para ajudar.

Dança de Salão

A FORMAÇÃO NA DANÇA DE SALÃO E A INFORMALIDADE

 

Ainda que existam várias maneiras de vir a ser um trabalhador da dança de salão, a maioria delas não possui o nível de formalização das profissões que precisam de faculdades, universidades, cursos profissionalizantes…

Assim, quem pretende iniciar uma carreira nesta área, além de enfrentar os obstáculos comuns a qualquer ramo (como a escassez de oportunidades, a grande concorrência, a inexperiência…) tem que saber lidar também com essa carência de regulamentação.

Esse, talvez, seja um dos principais motivos de “ouvir-se dizer” que o meio da dança de salão é um dos mais complicados para começar, sendo totalmente possível acreditar nessa afirmação.

Primeiro que até o presente momento não há muitas regras específicas, plenamente estabelecidas e amparadas por uma entidade correspondente (como sindicatos, ordens, conselhos…), a respeito dos direitos e deveres de quem compõe esta classe.

Além disso, falta uma definição ou caracterização precisa do que é um trabalhador da dança de salão, juntamente com algum tipo de caminho mais legal ou oficial para se tornar um.

Isso faz com que a dificuldade para ser um profissional da dança de salão seja particularmente grande, observando que toda essa situação abre brechas para que injustiças ocorram.

Por exemplo, creio que um dos caminhos mais comuns para iniciar nesta atividade seja através das escolas de dança, visto que é plausível supor que a maioria dos profissionais começou assim.

Dentro deste modelo de capacitação, as escolas irão proporcionar uma formação aos aprendizes (oferecendo informações, oportunidades, títulos…) para que estes evoluam.

Em troca, a escola receberá dos iniciantes todos os tipos de serviços necessários para se manter, seja nas aulas que ela oferece, nos eventos que ela realiza ou em quaisquer outros momentos.

Até aqui, esta relação estaria equilibrada, pois existem regras – ainda que não escritas – a serem cumpridas, no que tange às obrigações e às recompensas de cada parte.

Ressaltando que, mesmo se muito for exigido dos aprendizes, esta ligação não viria a ser injusta por isso, porque se a formação propiciada pela escola for de qualidade, ela fará toda diferença em uma futura vida profissional.

No entanto, como já foi dito, neste sistema não há um conjunto de normas inteiramente bem delimitadas, além de não ter, também, nenhuma fiscalização para garantir que tudo seja feito do jeito mais correto.

Por este motivo, uma das partes pode passar a concentrar demais o seu poder no decorrer deste processo, e é isso que dá espaço para que arbitrariedades sejam cometidas.

Colocando em termos práticos, teria a chance de ocorrer, por exemplo, que a quantidade dos serviços cobrados para o desenvolvimento – apesar da certa permissão para ser grande – se torne desproporcional e praticamente impossível de ser cumprida pelos aprendizes.

Aí, não restariam alternativas a estes a não ser desistir da escola (já tendo, às vezes, ajudado bastante, por muito tempo, e não ter recebido, ainda, o que seria devido) ou fazer tudo o que ela manda, sem ter o mínimo de condições ou a quem reclamar.

E, talvez o pior que possa acontecer neste modelo, é o fato do lado pessoal passar a ter um valor maior do que qualquer outro, sobrepondo-se a quesitos que teriam que ser considerados em primeiro lugar.

Explicando melhor, devido ao “fator humano” estar extremamente presente nesta associação, é capaz de alguém obter vantagens da escola – não por uma questão de esforço, evolução, ajuda, trabalho, competência ou talento – mas unicamente em razão da afinidade que tem com os superiores.

Claro, não devem ser feitas generalizações destes exemplos, e cabe frisar que o bom relacionamento é necessário para crescer em qualquer ambiente profissional.

Apesar disso, destaca-se que a afinidade (ou a discriminação) que foi colocada é aquela que surge por características que jamais fariam diferença para quem deseja trabalhar com a dança.

Enfim, toda essa questão da informalidade é muito difícil de mudar atualmente, tendo em vista que ela se baseia em causas profundamente complexas.

Se fosse o caso de tentar dar alguma solução que atenue tudo isso, poderia se solicitar alguns comportamentos dos que estão no comando das relações desta natureza, ou buscar aconselhar os que estão no pólo mais vulnerável.

Porém, talvez o melhor já tenha sido feito, que é a identificação e a exposição do problema, pois sabendo do que ele se trata e qual é a sua origem, este possivelmente fique um pouco menos complicado de ser resolvido.

Dança de Salão

A DANÇA E A MÚSICA

É certo que muito já foi falado e escrito a respeito da arte no decorrer da história da humanidade.

É certo, também, que inúmeras pessoas competentíssimas – como escritores, filósofos, especialistas em determinadas áreas – já se expressaram excelentemente bem sobre ela, ou esclareceram definitivamente vários dos seus pontos mais técnicos.

No entanto, acredito que os assuntos ligados à arte serão sempre ininteligíveis em sua totalidade, se estes forem delimitados com explicações ou esclarecimentos.

Melhor dizendo, tudo o que for referente à arte, mesmo que possa ser entendido de algum modo, só será captado inteiramente através do sentir ou de uma percepção diferente.

Há, inclusive, frases neste discernimento, que aparentam ser comuns, como: “a arte não existe para ser compreendida, mas sim sentida”; ou “a arte é a forma de expressão impossível de ser alcançada em palavras”…

Aliás, pode ser que o real valor da arte se dê justamente por esta incapacidade de verbalizar por completo o que está se passando interiormente, sendo que ela teria sido criada somente para tanto.

Ou seja, quando as palavras se tornaram insuficientes para exprimir algo, surgiram as maneiras artísticas de se fazer isso, como a música, a dança, a pintura, o teatro, o canto, a escultura…

Perto desse pensamento está, por exemplo, a impossibilidade de descrever os motivos da música ser capaz de despertar praticamente todas as emoções imaginadas, desde uma alegria eufórica até uma sensação da infância extremamente pessoal.

Tampouco daria para explicar porque uma música modifica completamente um ambiente, transformando este em um local de festa, de dança, de meditação, de concentração, de estudo…

Sem contar, também, que não tem como esclarecer a razão de certas músicas fazerem o que parece ser a conexão exata entre a sua forma (a maneira que ela é cantada e executada) e o seu conteúdo.

Em outras palavras, há músicas em que a letra e a melodia desta passam a impressão de ter grande harmonia entre si (a qual – se fosse o caso de oferecer suposições – seria motivada pela identificação com o que é colocado e pela interpretação que é feita).

Além disso, creio que até hoje não foi totalmente desvendada a relação que a música tem com a dança, no aspecto de demonstrar porque determinado som causa um impulso ou uma vontade de se movimentar ritmicamente, e de onde vem isso.

E sendo impossível elucidar estas questões (de um modo cientifico, digamos assim), talvez o que for comentado sobre isso sejam somente palpites, sugestões, mais perguntas, ou venha a se aproximar de algo poético ou filosófico.

Nesse raciocínio, uma das hipóteses é de que a dança seria a tentativa de traduzir com o corpo inteiro o que a música está transmitindo (semelhante ao que foi dito no início a respeito da arte).

Isto teria surgido, teoricamente, devido ao vínculo que o homem tem com a natureza, tendo em vista que é necessário seguir o seu tempo para viver nela.

Próximo a essa idéia, a dança teria se originado com os nossos ancestrais primitivos, os quais, por uma questão de sobrevivência, eram obrigados a se mover de acordo com as emoções geradas pelos sons da época (causados pelo ambiente, pelos animais, por outros seres humanos…).

Pode ser, ainda, que a dança tenha a ver com os antigos rituais de acasalamento, e o que é feito hoje seria meramente isso com milhares de anos de refinamento (ou não é nada disso também).

Por fim, não há como saber por que uma sensação ou uma emoção característica é suscitada quando vemos alguém fazendo o que é capaz de ser definido como “dançar bem”.

Em outros termos, é difícil dizer por qual razão as pessoas que seguem uma série de mandamentos técnicos, ao se movimentarem ao som de uma música, provocam em quem vê uma consciência de que aquilo está sendo bem feito.

Seria, em tese, apenas porque houve uma comunicação entre os nossos órgãos do sentido (visão e audição) por conseguirmos enxergar de uma forma física o que estamos ouvindo.

Ou, se esta explicação ”orgânica” soar muito limitada, o dançar bem estaria relacionado a algum lado transcendental do ser humano, o qual nos faz procurar incessantemente a harmonia e a conexão.

Neste aspecto, isto estaria associado ao próprio sentido da vida, que é o de buscar a beleza, a ligação, a excelência sempre e em tudo, e ter certo contentamento ao presenciar algo desse tipo.

Talvez isso caracterizasse o que se chamaria de evolução, e o fato de querer progredir na dança constantemente seria mais uma tentativa de se aproximar disso.

Enfim…

 

 

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Como o texto anterior ficou um tanto abstrato – no entendimento mais comum e informal desta palavra – gostaria de deixar uma música que também tem algo neste aspecto.

Ela se chama “Águas de Março”, composta por Tom Jobim, e fez um sucesso enorme no Brasil e no mundo (vale a pena buscar maiores informações sobre isso na internet).

É interessante notar que o que é dito nesta música não faz sentido algum em uma primeira análise, tendo em vista que ela traz somente frases diversas, aparentemente desconexas entre si.

Sendo curioso perceber ainda, que embora ela seja cantada de uma forma serena e até alegre (na versão interpretada pelo próprio compositor), não são mencionadas unicamente coisas boas ou prazerosas

Melhor dizendo, mesmo que ela venha a transmitir sentimentos bons devido ao jeito que ela é executada, nela há expressões como: “tombo na ribanceira”, “no rosto, o desgosto”, “corpo na cama”, “espinho na mão”, “corte no pé”…

Para tentar explicar isso, uma das minhas interpretações seria a de que o autor está em uma posição que lhe permite ser o observador de todas as situações, estando, de algum modo, longe ou acima destas.

Ou seja, ele simplesmente está descrevendo os acontecimentos de uma vida – que talvez já tenha até passado – e assim consegue enxergá-los de uma maneira distante e leve.

Por isso, tudo é colocado de uma forma calma, sem julgamento ou avaliação, e é isso que faz com que a letra passe a impressão de ter alguma mensagem mais coerente.

Cabendo ressaltar que esta é a minha visão – e apenas uma delas – observando que não tenho o conhecimento se esta música traz um significado implícito diferente ou se ela foi escrita dentro de um contexto em que tudo isso tem algum outro nexo.

No entanto, ainda que pudesse ter acesso à tais informações, provavelmente escolhesse não ir atrás delas, pois preferiria esta idéia única e individual que esta música tem para mim, sem maiores explicações.

Podendo ser que esta abstração – a qual abre margens para inúmeras acepções – é que faz com que esta música tenha um sentido particular para cada um, e talvez seja esse o motivo do seu grande êxito.

 

Águas de Março

Tom Jobim

É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é o laço, é o anzol

É peroba do campo, é o nó da madeira
Caingá, candeia, é o Matita Pereira
É madeira de vento, tombo da ribanceira
É o mistério profundo, é o queira ou não queira

É o vento ventando, é o fim da ladeira
É a viga, é o vão, festa da cumueira
É a chuva chovendo, é conversa ribeira
Das águas de março, é o fim da canseira

É o pé, é o chão, é a marcha estradeira
Passarinho na mão, pedra de atiradeira
É uma ave no céu, é uma ave no chão
É um regato, é uma fonte, é um pedaço de pão

É o fundo do poço, é o fim do caminho
No rosto, o desgosto, é um pouco sozinho
É um estrepe, é um prego, é uma ponta, é um ponto
É um pingo pingando, é uma conta, é um conto

É um peixe, é um gesto, é uma prata brilhando
É a luz da manhã, é o tijolo chegando
É a lenha, é o dia, é o fim da picada
É a garrafa de cana, o estilhaço na estrada

É o projeto da casa, é o corpo na cama
É o carro enguiçado, é a lama, é a lama
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um resto de mato, na luz da manhã

São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração

É uma cobra, é um pau, é João, é José
É um espinho na mão, é um corte no pé

São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração

É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um belo horizonte, é uma febre terçã

São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração

Au, edra, im, minho
Esto, oco, ouco, inho
Aco, idro, ida, ol, oite, orte, aço, zol

São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração

 

 

Dança de Salão

PERSONAL DANCER: MAIS CONSIDERAÇÕES

PERSONAL - MAIS ESCLARECIMENTOS

Cobrar para ser par em eventos de dança – com os desdobramentos que existem dentro disso – é uma forma de trabalho bastante difundida no meio da dança de salão.

Quem presta este serviço é conhecido como personal dancer, observando que esta é apenas uma expressão relativamente nova para um trabalho que já é antigo.      

Este profissional vem exercendo um papel de grande valor, tendo em vista que ele está sendo, praticamente, um fator determinante para muitos permanecerem na dança de salão.

Isso ocorre porque uma das modalidades das suas funções resolve o que talvez seja um dos maiores problemas nesta área, que é a falta de par para dançar.

Assim, ele está fazendo a diferença, por exemplo, entre alguém sair para dançar e efetivamente dançar a noite inteira, e sair para dançar e não dançar nenhuma música.  

Inclusive, o personal dancer inúmeras vezes é o primeiro contato que alguns têm com a dança, e por isso recebe, sem querer, a incumbência de ser uma espécie de anfitrião neste universo.

Dessa maneira, ele realiza atos importantes, como fazer com que as pessoas se sintam totalmente confortáveis em um salão de dança logo na chegada nesta atividade.  

Apesar de tudo isso, a existência deste profissional ainda é capaz de suscitar certos questionamentos, os quais podem ser a respeito das suas atribuições específicas ou da sua pertinência na dança de salão, devido a alguma finalidade que esta venha a ter.

Uma destas questões se dá pelo motivo do personal dancer, além de cumprir os seus deveres característicos, ter que ensinar os seus contratantes a dançar, desempenhando, assim, as funções de um professor.

A dúvida que surgiria neste momento seria acerca da capacidade dele em fazer isso, considerando pontos como a sua técnica ou a sua metodologia para tanto.

Junto a isso, poderiam ser feitas indagações referentes ao lugar deste ensino, sendo que ele acontece no salão de dança (ambiente de trabalho do personal dancer) ao invés de uma escola.

Inicialmente, é relevante esclarecer que o local próprio para estudar a dança e aprender coisas complexas a respeito dela é, realmente, as escolas de dança.

No entanto, em muitos casos, o personal dancer é requisitado para dançar com quem está conhecendo a dança de salão – como já foi dito – os quais estão começando a adquirir as noções sobre ela.

Nestas ocasiões, o personal dancer não tem escolha a não ser ensinar estas pessoas a dançar, nem que sejam os primeiros passos ou os movimentos mais básicos.

Cabendo dizer, ainda, que a competência com que esta tarefa é efetuada não depende do nome da profissão, mas sim do profissional que a está exercendo.

Ou seja, trabalhar como personal dancer não exclui a possibilidade deste saber ensinar extremamente bem, agindo excelentemente como um professor e podendo ser assim denominado.

Ressaltando que do mesmo modo que há professores que não trabalham da maneira ideal, há personais dancers que realizam o seu ofício com enorme cuidado, tomando todas as medidas para fazê-lo sempre da melhor forma.

Ainda, outra situação que geraria algumas dúvidas acontece pelo fato da dança de salão ser procurada por quem deseja conhecer e interagir com novas pessoas.    

Explicando melhor, a dança de salão pode ser buscada por aqueles que querem fazer dela um meio para a socialização, pois ela verdadeiramente promove um ambiente propício neste sentido.       

E a questão que ocorre seria a de que não se dançassem mais uns com os outros somente por dançar simplesmente, porque para isso existe um profissional remunerado. 

Sobre este assunto esclarece-se, que o mundo da dança é muito amplo, e por isso, ele sempre irá dar o que se quer dele, seja qual for o objetivo que se tenha.  

Além disso, o personal dancer é contratado apenas por uma razão pontual, e um destes motivos é justamente a falta de par, conforme foi mencionado.  

Sendo oportuno apontar que o personal dancer é capaz de ajudar até nisso, fazendo, por exemplo, com que alguém adquira coragem ou fique menos tímido para dançar ou convidar os demais para dançar, se este for o caso. 

Então, vê-se que o personal dancer é extremamente relevante para a dança de salão, pois colabora em vários aspectos para que esta continue evoluindo e crescendo.

Por tudo isso, ele próprio deve se orgulhar do seu trabalho, e merece, também, uma grande estima de todo o ambiente da dança de salão.

Dança de Salão

A RELAÇÃO MESTRE-DISCÍPULO NA DANÇA DE SALÃO

Aquele que deseja se aprofundar no estudo da dança de salão tem a possibilidade de percorrer este caminho com o acompanhamento de alguém que já entende muito deste assunto.

Em outras palavras, quem quer algo mais sério com esta atividade – como se profissionalizar nela, por exemplo – pode fazer isso com a ajuda de um orientador.

Deste encontro, onde um ensina e o outro aprende, surgirá uma relação em que o primeiro tem um papel de enorme importância para este último, levando em conta a grandiosidade dos conhecimentos transferidos.

Tal fato acontece, inicialmente, porque é transmitida a dança, a qual, com as suas peculiaridades, proporciona o desenvolvimento do ser – humano em vários aspectos.

Junto a isso, eventualmente também será fornecida a qualificação para exercer uma profissão, o que equivale a dar aos apaixonados por esta arte a chance de realizá-la em horário integral e ser remunerado para tanto.

Além disso, dentro de tudo o que é passado, estão inseridas lições que fazem o aluno adquirir uma sensibilidade e uma consciência maior sobre a própria vida, as quais são capazes de transformá-lo por completo.

Assim, a pessoa que ensina, neste meio, representa uma evolução na existência de quem recebe os seus ensinamentos, fazendo com que ele possa, com toda a dignidade, ser chamado de mestre.

No entanto, apesar de serem realmente significativas as mudanças que esta ligação mestre-discípulo traz, este convívio pode se tornar extremamente complexo.

Isso porque o caminho para aprender a dançar verdadeiramente, quase nunca é leve e tranqüilo, sendo até doloroso em alguns momentos, e a relação entre o professor e o aluno é suscetível de refletir esta situação.

A começar pelo fato de que, quem ensina, nesta área, tem a – desagradável, porém fundamental – obrigação de apresentar todas as dificuldades que devem ser transpostas para que haja o desenvolvimento.

Ou seja, justamente por mostrar os obstáculos que serão encontrados em uma futura vida profissional, aquele que está ensinando corre o risco de passar a ser visto como alguém que tem a infeliz tarefa de trazer somente situações desconfortáveis.

Não obstante a isso, é necessário afirmar que, quanto maior as dificuldades enfrentadas, maior será o progresso, e por este motivo, quanto mais exigente é o professor, melhor ele será.

Dizendo de outra forma, o professor que mais promove o crescimento é o que, constante e exaustivamente, tira os seus alunos da tão famosa zona de conforto, exigindo destes o mesmo que exigiu de si próprio para ser um mestre.

Sendo interessante explicar ainda, que este desconforto trazido pelo professor não se limita à execução de determinados movimentos corporais, técnicos, ou coisas assim, pois dançar não é só isso.

Aprender realmente a dançar mexe com questões internas, as quais, em certas circunstâncias, são difíceis de serem trabalhadas, e o verdadeiro professor, com a responsabilidade que tem com os seus aprendizes, deve falar o que estes precisam – e não o que desejariam – ouvir.

Ressaltando que as instruções, em inúmeras ocasiões, têm que ser colocadas de uma maneira prática, não tendo, às vezes, a chance de serem considerados vários pormenores envolvidos.

Falando de um modo diferente, as lições passadas nem sempre virão do jeito mais macio e suave, e nem todos os sentimentos dos alunos poderão ser trabalhados minuciosamente em todos os momentos.

Se fazem necessários estes esclarecimentos porque o professor, mesmo sendo evoluído em alguns aspectos, é uma pessoa normal, capaz de sequer perceber o quanto tocou profundamente o seu aluno com algo que fez ou disse.

Por fim, um dos últimos incômodos que professor causa é o de mostrar incessantemente que o processo de aprender a dança de forma completa é infinito.

E apenas com o seu exemplo, o autêntico mestre pode fazer os seus alunos verem que, embora já tenham caminhado bastante, continuam tendo muito o que aprender.

Porém, ainda em meio a tudo que foi exposto, o professor propicia extraordinários ganhos, conquistas e realizações, os quais certamente superam quaisquer pontos negativos que possam existir nesta relação.

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