Fazendo a diferenciação mais comum (e menos acadêmica, digamos assim) entre as formas de arte, é muito interessante ver que da interação destas surgem boas conseqüências para todo este mundo em si.
Por exemplo, a comunicação entre a literatura e o teatro trouxe – e continuará trazendo – enormes resultados, e o mesmo acontece com o teatro e a dança, a música e o cinema, a literatura e a música…
Desse modo, percebe-se que quase sempre haverá melhoras nas misturas das expressões artísticas, sendo que às vezes é praticamente impossível que uma exista sem a outra.
Sobre a dança de salão, especificamente, nota-se que esta teve inúmeras influências, as quais vieram da música, do teatro, das demais modalidades de dança…
Neste ponto, um dos grandes ganhos ocorreu com a incorporação de certas acrobacias nesta atividade (levando em conta a definição que esta palavra tem no dicionário).
Ou seja, partindo do pressuposto que estes movimentos não faziam parte da dança de salão na sua origem, é cabível dizer que eles foram totalmente bem recebidos e propiciaram uma evolução para esta.
Inclusive, tais passos até já tem uma nomenclatura própria deste meio, e nele são conhecidos genericamente como “pegadas”, “lifts”, “aéreos”, entre outros…
Assim, tendo em vista que estes são encontrados na dança de salão em, basicamente, dois momentos – nos bailes e as apresentações – é relevante tentar analisar como eles podem ser utilizados da melhor maneira.
Nos bailes, por uma questão de segurança, acredito que a existência destes tem que ser bastante restrita, e ainda, se forem feitos, devem ser realizados com um cuidado extremo.
Isso é obrigatório pois estes passos necessitam de um espaço maior do que os demais, e a área que cada casal ocupa é limitada pela presença dos outros.
Aí, a fim de acabar, ou ao menos atenuar, com qualquer risco de acidentes (que viriam a afetar tanto quem faria estes movimentos quanto quem estaria em volta) os passos acrobáticos tem que ser usados com esta consciência.
E a respeito da execução deles nas apresentações de dança de salão, creio que, antes de tudo, é indispensável observar qual é a verdadeira proposta desta.
Explicando melhor, se o objetivo for mostrar uma dança, supõe-se que o essencial a ser visto é efetivamente a dança, não podendo esta ser totalmente compensada.
Fazer essa consideração é importante porque dentro da dança de salão há muito para ser apreciado, e por este motivo, as acrobacias precisam vir para acrescentar nas demonstrações desta modalidade.
Estas têm que existir, então, para somar, e não unicamente para substituir algo, e muito menos para “salvar” uma apresentação de dança quando esta não for boa.
Lógico, os passos aéreos geralmente são difíceis de serem feitos, causam admiração, e sempre geram uma manifestação imediata de quem está assistindo.
Apesar disso, uma mostra de dança de salão não deve se restringir apenas a esses aspectos, e o todo dela não pode ser avaliado (e julgado, se for o caso) só pelas acrobacias que teve.
Em termos mais práticos, se uma apresentação de dança for ótima, ela não pode ser tida como inferior a outra só porque nesta foi feita alguma acrobacia.
Enfim, tudo que vem a influenciar na dança de salão é bem vindo, inclusive estes movimentos, que certamente trouxeram um brilho ainda maior para esta atividade.
No entanto, toda a novidade precisa ser pensada, pois somente assim estas virão para o crescimento e a evolução.